De Fernando Mello, da Veja Online:
O pré-candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, afirmou nesta segunda-feira, em entrevista à rádio CBN, que o presidente Lula não deve estar “preocupado” com a vitória de um candidato que não seja Dilma Rousseff, a concorrente escolhida por ele pelo PT. Dizendo ser óbvia a declaração de Lula voto em Dilma, Serra comentou a entrevista do presidente ao jornal espanhol “El País”.
“Ele [Lula] disse que, não importa quem ganhe, não vai acontecer nada de anormal no Brasil. Literalmente. O que é uma afirmação importante, porque há um certo jogo de quase terrorismo, ao se dizer que ’se não ganha a candidata do Lula haverá problemas’”. Para Serra, Lula “praticamente foi quem construiu essa candidatura”.
Essa é uma crítica constante do PSDB, que afirma haver falta de experiência de Dilma. Essas críticas foram constantes no último sábado, quando os tucanos lançaram a pré-candidatura de Geraldo Alckmin ao governo de São Paulo. Serra afirmou ser “inegável” que o PT aparelha o governo e disse que, se eleito, não ocupará cargos com filiados de seu partido.
Questionado pela comentarista Miriam Leitão sobre sua possível atuação em relaçã ao Banco Central, Serra demonstrou certa irritação. Ele criticou a atuação do BC durante a crise econômica, dizendo que houve demora para diminuir a taxa de juros.
“O Banco Central não é a Santa Sé. Você acha que ele nunca erra? Tenha paciência. Quem acha que o Banco Central erra é contra dar condições de autonomia e trabalho para o Banco Central? Claro que não. De repente, monta-se um grupo, que é acima do bem e do mal, que é o dono da verdade e que reage a qualquer criticazinha que se faça, já vem algum jornalista, já vem o outro e ficam nervosinhos por causa disso. Não é assim. Eu conheço economia, sou responsável, fundamento todas as coisas que penso a esse respeito. E, a esse propósito, você e o pessoal do sistema financeiro podem ficar absolutamente tranquilos que não vai ter nenhuma virada de mesa”, disse Serra.
Ele afirmou ainda que, em um eventual governo, o tripé formado por superávit primário, câmbio flutuante e metas de inflação que, segundo ele, “está aí e veio para ficar”.
(Fernando Mello)
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