quarta-feira, 19 de maio de 2010

Marcha dos Prefeitos sabatinou candidatos à Presidência

De Fernando Mello, da Veja Online:
Cerca de 4.000 prefeitos estão em Brasília para a 13ª marcha nacional da categoria, que reivindica pontos como o repasse de R$56 bilhões do Fundo de Participação dos Municípios em 2010, contra os R$53,3 bilhões previstos. Nesta quarta-feira, estavam previstas as participações dos três principais pré-candidatos à Presidência da República, José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Marina Silva (PV). Os três fizeram um primeiro “debate” (não houve perguntas entre candidatos), em um encontro realizado há duas semanas em Minas Gerais, organizado pela Associação Mineira de Municípios. A marcha dos prefeitos é custeada pela Confederação Nacional dos Municípios, em parceria com o Sebrae. O custo é de cerca de R$700 mil. Veja o que disseram:
José Serra:
O tucano José Serra foi o primeiro a responder às perguntas preparadas pela Confederação Nacional dos Municípios e manteve a estratégia de sua pré-campanha: pregou união nacional e alfinetou, sem citar nominalmente, o PT.
Serra também manteve a tática de citar sua biografia. Os tucanos querem reforçar a ideia de que ele é mais experiente do que Dilma Rousseff (PT). Serra elogiou os prefeitos, lembrou que foi prefeito de São Paulo e disse que passou a “compreender muito mais os problemas dos municípios e muitas das questões que foram levantadas”. No final, disse que “aprendeu muito” com o evento. “Municípios são amigos, são parceiros, não são adversários, entidades para a gente descarregar os nossos problemas". Serra foi aplaudido pelos prefeitos ao criticar o “jogo de empurra” que impede a solução de problemas. O tucano voltou a criticar a redução nos repasses do Fundo de Participação dos Municípios.Ele elogiou medidas do governo para combater a crise, como redução de impostos, mas afirmou que faltou mais de 1 bilhão de reais para as prefeituras. “É muito errado se fazer redução de impostos temporárias, e os municípios pagarem a conta, como aconteceu.”
Usando expressões colocadas pela própria Confederação, Serra disse que governos fazem bondades com “chapéu alheio”, e agora “prefeitos estão com pires na mão em Brasília”.Mas foi na contramão da proposta dos prefeitos ao não concordar como fim das emendas individuais de parlamentares. O tucano voltou a atacar o que chamou de loteamento político de ministérios e agências reguladoras e se disse o candidato da união nacional. “O Brasil só vai dar certo se for governado para todos, não é o Brasil dos bons e dos maus.” Ele disse que no Ministério da Saúde e no governo de São Paulo não pedia “carteirinha partidária”.
E concluiu: “Quero conclamar os prefeitos: vamos dar as mãos independente das cores partidárias. No governo federal, eu não vou ser presidente de um partido, do PSDB, mas o presidente da nação brasileira.”
Marina Silva:
Na sabatina da Marcha dos Prefeitos em Brasília, nesta quarta-feira, a pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, falou em “compromisso ético” dos políticos e criticou a falta de preocupação ambiental “nos últimos 16 anos”, ou seja, nos governos Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Fernando Henrique Cardoso (PSDB). “Nada foi feito para evitar as catástrofes que vêm sendo anunciadas há muito tempo, desde a Rio 92″, afirmou, citando estudos apontando riscos de calamidades naturais em estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina". Marina afirmou que o dinheiro necessário para investimentos pode vir da diminuição da corrupção. “Se não tivermos um comprometimento das três esferas nesse sentido, não tem como não sobrecarregar os municípios.”
Marina disse que, depois de 16 anos no Senado, resolveu não tentar a reeleição porque se sentia “como um bonsai”: com as pessoas cortando suas raízes. A pré-candidata fez uma citação bíblica, se comparando ao Davi que venceu o Golias. Afirmou que deixou o PT para continuar o que sempre desejou – “realizar um sonho de um Brasil sustentável”. No fim, Marina deu sua única alfinetada, fazendo referência indireta a Dilma Rousseff, conhecida como uma administradora. “O Brasil é maior do que a força de um gerente.”
Dilma Rousseff:
Última a ser sabatinada pelos prefeitos, a pré-candidata petista Dilma Rousseff manteve a estratégia de colar sua imagem ao governo Lula. Dilma disse que o país está numa “era de prosperidade” e que o governo do PT não fez distinções entre prefeituras por conta da filiação a partidos. Minutos antes, Serra havia se colocado como candidato da união e criticado a “partidarização” do governo federal.
Dilma disse que, no passado, o governo federal não ajudava o país em momentos de crise e que isso mudou com o presidente Lula. Ela argumentou que o governo petista atacou de várias maneiras a desigualdade social e disse que o próximo governo precisa se dedicar principalmente à educação. Dilma assumiu um “compromisso pessoal”: a construção de creches. E disse que o país precisa defender seus professores.

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