segunda-feira, 17 de maio de 2010

A patacoada do acordo com o Irã

De Reinaldo Azevedo, na Veja Online:
Como se afirmou aqui desde o princípio, estava claro que o Brasil e a Turquia conseguiriam “convencer” o governo do Irã. O país aceita agora um acordo nos mesmos termos que havia rejeitado antes: entrega urânio enriquecido a 3% e recebe de volta enriquecido a 20%. Pronto! O mundo pode dormir em paz?
Pois é. O IRÃ ANUNCIOU QUE CONTINUARÁ A ENRIQUECER URÂNIO A 20% EM SEU PRÓPRIO PAÍS. O que isso quer dizer objetivamente? Que aqueles 120 quilos a 3% — que, segundo o combinado, serão trocados pelos enriquecido a 20% — não são todo o urânio de que dispõe o país. Assim, o seu programa nuclear continua na mesma toada, coberto pelo sigilo de sempre.
Lula é um dos “culpados úteis” dessa história. Ahmadinejad pode festejar. Por quê? Ganhou tempo. A partir de agora, fica mais difícil para os Estados Unidos defenderem as sanções. Parecerá intransigência. Esse é o resultado parcial da entrada de Lula — com a ajuda da Turquia — como ator global: deixar o Irã mais perto da bomba. E, como lembrou Diogo, o nosso Chamberlain voltará coberto de glórias.
Aliás, uma frase de Churchill entrou para a história quando os primeiros-ministros da Grã-Bretanha e da França — respectivamente, Chamberlain e Daladier — celebraram o Pacto de Munique com Hitler, em 1938: “Entre a desonra e a guerra, escolheram a desonra, e terão a guerra”.

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