E-mail de Cláudia Mousinho com os dois artigos abaixo:
Dilma diz não ter assinado plano de governo do PT, apenas rubricado páginas
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
A candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, afirmou na manhã desta sexta-feira, em entrevista à rádio Tupi, do Rio, que houve erro do partido na entrega do plano de governo ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Ela reconheceu não ter lido o documento antes de ser enviado, mas disse que rubricou os papéis.
"Não assinei documento nenhum porque não tem documento nenhum a ser assinado. Eu rubriquei páginas. Eu não olhei porque achei que era aquele programa não achei que iam colocar outro programa. Tinha que colocar o que nós tínhamos acertado em junho [com os partidos aliados]."
Dilma admitiu que o episódio "foi um erro", mas disse ter sido equívoco "humano", não "arquitetado". Ela chegou a esboçar um contra-ataque a José Serra, adversário tucano na disputa.
"Os meus adversários, principalmente o adversário, eles sistematicamente erram. Fizeram coisas assim que... Por exemplo... Eu não vou dar exemplo porque não é da minha responsabilidade falar sobre ele."
O primeiro programa de governo apresentado ao TSE propunha taxação de grandes fortunas, combate ao "monopólio da mídia" e realização de audiência prévia para reintegração de terras invadidas por sem-terra.
Após a repercussão das propostas, principalmente na internet, o PT recuou, voltou ao TSE sete horas depois e apresentou nova redação sem os pontos mais polêmicos.
Além dos pontos polêmicos, o texto não contemplava as propostas de partidos aliados, como o PMDB. Oficialmente, o PT afirmou que cometeu um erro técnico e entregou à Justiça Eleitoral um texto desatualizado, datado de 19 de fevereiro.
Maria Helena Rubinato Rodrigues de Sousa
Se é só rubricar...
... rubrique-se que o Brasil foi transformado em um grande Armazém de Secos e Molhados. O que importa são os negócios, vender, comprar, mas, se possível, vender muito mais do que comprar.
Nada de novo, muito pelo contrário, nas General Stores do Velho Oeste, onde o James Stewart comprava, o Jack Palance também comprava. É verdade que quando ele entrava no Armazém, as senhoras se agrupavam lá nos fundos da loja. Nada que a cavalaria não resolvesse e logo se ouvia o tropel das belas montarias dos comandados pelo galante John Wayne e nós, os da plateia, respirávamos aliviados.
Acabamos de abrir uma filial na Guiné Equatorial, terra do senhor Obiang Nguema Mbasogo. Nosso gerente-geral, o senhor Amorim, zangado com as críticas, declarou que negócios são negócios. Irritado, fez os jornalistas notarem que a manteiga na mesa do café da manhã era francesa, o que, segundo ele, comprova que país algum despreza o fluxo de comércio com tão alvissareiro comprador.
Achei o exemplo fraquinho: neste mundo globalizado, pode bem ser que a indústria de laticínios seja chinesa, com sede em Brisbane e a maioria das ações pertença a um salvadorenho. Chi lo sa?
Mas o Brasil é governado por um presidente eleito pelo povo e se seu programa de governo é esse, negociar, fazer o que, não é? É tratar de aceitar que negócios são negócios. Só dois reparos. Com a Guiné Equatorial, por exemplo, o fluxo de comércio foi de cerca de US$ 302 milhões, em 2009, assim divididos: nós exportamos para lá US$ 45 milhões e eles exportaram para o Brasil US$ 257 milhões.
Outro inconveniente, em minha opinião, é querermos colocar essa nova filial num clube do qual somos sócios e que não foi fundado para negociar com Secos e Molhados. Seu produto é outro: a língua portuguesa.
O clube, chamado CPLP – Comunidade dos Países de Língua Portuguesa – tem oito membros. É muito exclusivo. Não é para qualquer um. Em seus estatutos, lemos: “A CPLP assume-se como um novo projecto político cujo fundamento é a Língua Portuguesa, vínculo histórico e património comum dos Oito – que constituem um espaço geograficamente descontínuo, mas identificado pelo idioma comum”.
Na Guiné Equatorial as línguas oficiais são o espanhol e o francês. E uma série de línguas, entre as quais o português que sobrou de meados do século XVIII: pidgin inglês, Fang, Bubi, Ibo, e Gumu. Mas o senhor Mbasogo, outro adepto de negócios são negócios, está acelerando o ensino do português nas escolas e quer obrigar sua população a ser fluente em nossa língua para ser aceito pela CPLP.
Como o interesse é grande, ele tem petróleo de montão e os oito membros da CPLP têm o que lhe vender, não me admirarei se a Guiné Equatorial vier a ser o nono sócio da nossa exclusiva comunidade... Temos um concorrente de peso, um negociante de mão cheia, a gloriosa China. Mas havemos de vencê-los.
O resto é detalhe. A Guiné Equatorial, riquíssima em petróleo, tem como governante há 31 anos o já citado Mbsogo. A capital do país é patrulhada por tanques de guerra. As ruas, ou trilhas, como preferirem, têm a segurança de soldados armados com AR-15.
Considerado pela maioria dos observadores internacionais como um dos mais corruptos, etnocêntricos, opressores e ditatoriais regimes do mundo, a Guiné Equatorial é país de um único partido, dominado pelo presidente. Sua família comanda não apenas o Estado, mas a economia.
No pequeno país, não há divisão entre as finanças do Estado e do clã. Os recursos das exploradoras de petróleo, que começaram a chegar ao país nos anos 1990, não resolveram o problema da miséria. Estima-se que 60% da população vivam na pobreza.
Lula cumpriu a Lei do Silêncio imposta por Mbasogo e assim como o ditador, não falou com os jornalistas. Houve uma coletiva, mas sem perguntas feitas pelos jornalistas. Quer dizer, houve um “pronunciamiento”. No salão onde foi assinado o acordo entre os dois países todas as cadeiras foram ocupadas por diplomatas, assessores e seguranças.
Depois da curiosa coletiva de imprensa, sem perguntas nem respostas, Lula e Mbsogo, sentados lado a lado, como dois bons amigos, ouviram um assessor de Mbsogo ressaltar a visita “histórica e transcendental" do presidente brasileiro.
Mbasogo é acusado por organizações internacionais de perseguir opositores do regime, fraudar eleições e violar direitos humanos. É também um dos mandatários mais ricos do mundo.
Em julho de 2003, numa transmissão pela rádio estatal, ele se declarou um deus em permanente contacto com o Todo Poderoso e que pode decidir matar sem ter que prestar contas a ninguém. Não é a primeira vez que diz isso. Em 1993 disse a mesma coisa, o que não impediu João Paulo II de recebê-lo no Vaticano, fato repetido por Bento XVI, pois o homem alega ser um católico devoto.
Também em 2003, Mbasogo disse a seus compatriotas que foi obrigado a controlar pessoalmente o Tesouro Nacional para impedir que os funcionários públicos fossem tentados a aderir a práticas de corrupção. Quer dizer, naquelas bandas, um mensalão é impensável!
A la Idi Amim Dada, Mbasogo permite que rumores sobre seu canibalismo sejam usados para infundir o medo. Durante muitos séculos a tribo Fang, da qual ele descende, usou esse detalhe para impor respeito. São inúmeros os testemunhos de antigos moradores da Guiné Equatorial relatando que o suposto canibalismo dele é usado apenas como arma psicológica. Será?
Sinceramente, depois de ler tudo que li e depois da foto aí abaixo, vocês acham que eu ia perder um personagem desses? Esse figuraça? Pois sim! Está rubricado!
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