domingo, 31 de janeiro de 2010

Pacientes cubanos morrem de frio e fome

Joana Duarte, Jornal do Brasil
HAVANA - O psiquiatra alemão Emil Kraepelin, considerado o pai da psiquiatria moderna, certa vez, disse: “O melhor indicador para avaliar as qualidades humanas de um povo é saber como trata os seus doentes mentais”. É esta célebre frase que estampa a homepage do Hospital Psiquiátrico de la Habana, em Cuba, popularmente conhecido como La Mazorra. Com seus 2.500 leitos, salas de terapia, laboratórios e até um campo de beisebol, o manicômio transformou-se em instituição modelo após a revolução de 1959, conforme indica a propaganda castrista da época. Mas há cerca de duas semanas, uma comissão de direitos humanos de Cuba revelou um lado sombrio e cruel da instituição, fazendo uma denúncia considerada emblemática em relação ao atual estado do sistema de saúde universal e gratuito da Ilha. No dia 14 de janeiro, Elizardo Sanchez, diretor da Comissão Cubana pelos Direitos Humanos e Reconciliação Nacional, uma ONG ilegal, mas tolerada em Cuba, emitiu um comunicado afirmando estar “profundamente preocupado com o alto número de mortes evitáveis que ocorreram no início da semana no Hospital Psiquiátrico de la Habana”. Segundo Sanchez, cerca de 50 pacientes internados em la Mazorra “morreram de hipotermia, o que é um absoluto contrassenso em um país marcantemente tropical como Cuba”. As mortes teriam ocorrido na noite de segunda-feira, 11 de janeiro, quando as temperaturas em Cuba atingiram uma baixa recorde de 3,8 ºC. Sanchez, entretanto, sustenta que as condições climáticas extremas foram agravadas pela escassez de comida e a falta de roupas, lençóis e cobertores, além das janelas quebradas do hospital. "Uma enfermeira que trabalha na Mazorra me disse, na manhã do dia 12, que dezenas de pacientes haviam morrido de frio e desnutrição. Antes de divulgar uma nota, esperei para ver se o governo se manifestava, mas as autoridades não disseram uma palavra", garante Sanchez. "Na quinta-feira, decidimos denunciar as mortes por negligência criminal e responsabilizar o governo pela falta de assistência. Trata-se da tragédia mais grave deste tipo já ocorrida em um hospital de Cuba".

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