quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Pergunta da Folha de S. Paulo a Netanyahu

Palavras do Primeiro Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, em entrevista coletiva à imprensa, sobre a vontade do Brasil em atuar no processo de paz entre Israelenses e Palestinos. O jornal Folha de São Paulo estava representado pelo jornalista Marcelo Ninio.
Moderador: Temos jornalistas aqui de todo o mundo, então tentamos atender a todos os continentes. A segunda pergunta será do Brasil – Marcelo Ninio de São Paulo.
Marcel Ninio: Boa noite, Sr. Primeiro Ministro. Permita-me combinar nossos dois países em uma pergunta. O Brasil tem demonstrado interesse repetido de ter um papel ativo no processo de paz do Oriente Médio. O governo brasileiro recebeu o Presidente Ahmadinejad, e quase na mesma semana o Presidente Shimon Peres e o Presidente Abu Mazen. A minha pergunta para o senhor é: “O senhor acha possível o Brasil ter um papel ativo e o que o Brasil pode fazer em termos práticos para desempenhar tal papel?”. E em segundo lugar, há duas semanas, o Ministro das Relações Exteriores do Brasil disse que não excluiria conversações diretas com o Hamas porque ele acha que isto ajudaria a quebrar o impasse do processo de paz. E o Presidente Lula fará uma visita em março pela primeira vez. O que o senhor acha desta sugestão do Ministro das Relações Exteriores do Brasil de ter conversas diretas com o Hamas?
PM Netanyahu: Bem, veja, eu dou as boas vindas ao aumento de trânsito entre nossos líderes, entre nossos governos e entre nossas economias. O Brasil é uma grande potência – creio que tem um grande futuro e pensamos que Israel pode ter um grande futuro também. Já tem uma presença significativa. Minha visão é bem clara. Queremos que Israel seja uma potência econômica regional, uma potência tecnológica global Israel já é. É o número 2 neste momento no número absoluto de tecnologias start up e tem uma vantagem em diversas tecnologias de ponta que serão muito importantes para o futuro do mundo – creio também no futuro de um país como o Brasil. Há muitas coisas sendo desenvolvidas em Israel que poderão colaborar com as economias, saúde, meio ambiente, energia, educação, o fim do analfabetismo – tecnologias que em alguns casos, quando as vejo – desafiam a imaginação – não daria nem para sonhar, mas pessoas o fizeram e são desenvolvidas. Então, penso que temos com o Brasil e possivelmente com muitos outros países representados aqui – muitas oportunidades para expandir nosso relacionamento para um benefício mútuo. E continuaremos a fazê-lo. Como o Brasil poderá desempenhar um papel aqui? Bem, penso que se conseguirmos lançar as conversações de paz, voltaremos à reestruturação dos comitês para diversos problemas – isto é para resolver questões como a água, meio ambiente, energia e é claro, outras questões – refugiados e muitas outras coisas. E é perfeitamente possível contemplar um papel do Brasil em mais do que uma destas questões. Certamente, estaria pronto a considerar isto. Mas deixe-me dizer para você sobre a questão de Ahmadinejad e o Hamas. O princípio que sempre é levantado é de que você faz a paz com seu inimigo. Isto é absolutamente verdadeiro – você faz a paz com um inimigo que quer parar de ser seu inimigo e mover em direção à paz. Mas, um inimigo que quer te cortar em pedacinhos e não tem nenhuma intenção de vê-lo andar nesta terra e quer destruir você, não é um parceiro para a paz. Esta distinção é crucial. A paz foi conseguida entre Israel e seus vizinhos árabes, quando o outro lado tinha líderes que levaram seu povo para longe da guerra e para longe do objetivo de destruir Israel, em direção à paz. Na realidade, isto geralmente aconteceu antes da negociação, mas eles certamente nunca sustentaram o oposto. Quero dizer, os falecidos Anwar Sadat e o Rei Hussein não disseram: “Bem, nosso objetivo é destruir Israel – agora vamos começar as conversações de paz em prol desta destruição”. Então você faz a paz com um inimigo que quer a paz. Não se pode negociar a paz com um inimigo que quer te destruir. O Hamas e seu regime protetor, a tirania Iraniana, declara abertamente seu objetivo de nos destruir. Então, penso que esta distinção é importante se você quer avançar em direção à paz e não se afastar dela. E desde que sei que as intenções do Brasil são para a paz, então os encorajo a olhar com mais cuidado para esta distinção porque ela é vital se vamos prosseguir em direção à paz, e não àqueles que querem o oposto da paz.

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