De Reinaldo Azevedo, da Veja Online
Como noto em texto publicado neste domingo, a pesquisa Datafolha foi feita para sepultar a candidatura Serra. E, no entanto… Aí as reações têm seu lado cômico, né?
Trecho do editorial da Folha intitulado “Dança dos números”:
“Num quadro de relativa equivalência ideológica, ademais agravado pelo fato de que discursos oposicionistas se intimidam em face da grande popularidade do presidente, Serra e Dilma oscilam no altiplano ainda pouco acidentado das pesquisas de intenção de voto.
A indefinição do quadro é inerente aos momentos iniciais de uma disputa eleitoral -mas não deixa de representar também, do ponto de vista simbólico, a dificuldade de ambos em criar, com brilho próprio, fatos políticos capazes de alterar a acomodação por ora reinante.”
PERGUNTA – Como? Serra tem “dificuldades de criar fatos com brilho próprio”? É mesmo? Sua liderança nas pesquisas, que já dura, sei lá, sete anos (desde 2004!!!), é luz fornecida por quem? A Folha é assim tão isenta que tem de acusar o tucano até dos mesmos defeitos de Dilma? Editoriais são sempre do veículo, não de pessoas. Mas este uso da palavra “altiplano” caracteriza a geografia mental de um editorialista felpudinho. Como é mesmo? O estilo é o homem…
Trecho do texto de Clóvis Rossi intitulado “Mistério”
“Não é que, agora, nem o Datafolha ilumina algo? O resultado da pesquisa mais recente, ontem publicada, é um denso mistério, ao menos para mim. Não consigo encontrar uma explicação forte para o fato de José Serra ter subido quatro pontos em um mês. Atenção, hidrófobos do tucanato, não estou lamentando a subida, apenas tentando entendê-la.
Que Dilma Rousseff parasse nos 28% ou 27% é compreensível. Deve ter havido uma pausa (ou interrupção definitiva, sabe-se lá) no empurrão que o prestígio do presidente Lula dá à sua candidata.
Mas o que houve para que Serra subisse? Não vi nada no noticiário, a menos que tenha perdido algo por viajar frequentemente para o exterior, o que às vezes faz com que leia apenas superficialmente os jornais brasileiros.
Diminuíram as chuvas, é a hipótese levantada pelo meu guru do Datafolha, Mauro Paulino. Pode ser, mas, pela lógica, seria motivo para que Serra estacionasse, não para que subisse, certo?
Enfim, o resultado só me faz retornar à sensação de 20 anos atrás e decidir deixar que o Datafolha me surpreenda a cada tanto.
O FRENOFÓBICO - Talvez um dia eu me permita ter essa ligeireza assumida de Clóvis Rossi. Essa deve ser a confissão de ignorância mais cara do jornalismo pátrio. Parece que ele e Mauro Paulino se juntaram para transformar as chuvas em categoria de pensamento. É normal num jornal que decidiu, e evidências não faltam, que o governador é o culpado pelo maior aguaceiro havido no estado em 70 anos. Pô, é lá que está a minha Musa das Enchentes, né?, a minha deusa metade Ninfa e metade Galochas… O Datafolha surpreendeu Clóvis Rossi? Se surpreendeu, então ele considera que o normal seria Serra não ter crescido. E se protege: criticá-lo seria coisa de “tucano hidrófobo”. Errado! Clóvis Rossi é que padece de FRENOFOBIA…
Trecho da coluna de Eliane Cantanhêde intitulado “Cara a cara”
Mas José Serra, mesmo quando balança, não cai. Mantém-se teimosamente acima dos 30%.
Mesmo agora, a previsão era a de que as linhas se cruzassem -com Serra caindo e Dilma chegando à liderança-, o que não se confirma.
Ao contrário, Serra abre 28 pontos de vantagem no Sul, que, ao lado de São Paulo, neutraliza Norte e Nordeste.
Destemida - Rossi, atacando os “hidrófobos”, é um frenofóbico. Já Cantanhêde é uma pensadora destemida. Quer dizer que Serra “mantém-se teimosamente acima dos 30%”??? Ele, então, é teimoso contra alguém. Seria contra quem? Acho que é contra Eliane, Clóvis, o editorial etc e tal… A “previsão” era de que as linhas se cruzassem? “Previsão de quem?” Ora, do editorial, de Rossi, de Eliane… Ô candidatura teimosa!
Trecho do texto de Mauro Paulino, chefe do Datafolha:
O perfil dos 14% de brasileiros que querem votar na candidata de Lula, mas que ainda não o fazem por desconhecer Dilma, é de baixa escolaridade, baixa renda e de grande concentração na região Nordeste.
Do sucesso do governo na comunicação do apoio do presidente a Dilma, e na sua interpretação por parte desses eleitores, em especial na comparação que fará entre as características que enxergará em Dilma e as que identifica em Lula, depende o quanto esse potencial expressivo, demonstrado na pesquisa, se concretizará de fato em transferência efetiva de votos. Só assim se saberá se Lula é mesmo protagonista neste processo ou apenas mais um coadjuvante.
Traduzindo – O Datafolha ainda não encontrou o que vem procurando. Não foi a intenção, sei bem, mas é como se Paulino pedisse calma ao eleitor de Lula — ou melhor, de Dilma…
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