José Celso de Macedo Soares:
Publicado pela Tribuna da Bahia e reproduzido pelo site da CNA:
No momento em que se avizinha a eleição presidencial e, um dos candidatos se propõe ser continuador do governo Lula, seria interessante apresentar o legado deste governo. Começo pela política externa. Este o pior aspecto do governo Lula.
Aproximação com ditaduras, como a do Irã e de Fidel Castro, destrói a imagem do Brasil como país democrático. Depois de pretender resolver a pendência nuclear do Irã, dizendo-se amigo do ditador Ahmadinejad, vê-se obrigado a apoiar sanções determinadas pelo Conselho de Segurança da ONU contra o Irã. Boa lição.
Política internacional de um país deve ser praticada por profissionais, não por amadores interessados em agir demagogicamente. A política de atritos com os Estados Unidos, nosso principal parceiro comercial, só prejudica nossas exportações. Foi derrotado na maioria de suas indicações para organizações internacionais. Destruiu a excelente reputação do Itamaraty com improvisações sem sentido.
Passemos ao front interno. Os gastos do governo passaram de 4,2% para 8,8% do PIB. Os investimentos subiram apenas de 0,4 % para 1,5% do PIB. E mesmo este aumento só foi conseguido por causa do suprimento de recursos do BNDES para subsidiar grupos empresariais. A carga tributária passou de 32% para 40% do PIB. A estatização foi retomada com a criação de várias empresas estatais. Como se o governo fosse bom empresário...
A burocracia piorou, com surgimento de milhares de normas confusas e conflitantes. Basta lembrar o famoso documento sobre “Direitos Humanos, misturando alhos com bugalhos, procurando até legitimar invasões de terras. A este respeito, seu apoio declarado aos baderneiros do MST é uma afronta à ordem jurídica do país.
Agências Reguladoras foram politizadas, entregues a afilhados políticos nem sempre com qualificações necessárias. O contribuinte e usuário é quem perde com esta política de apadrinhamento dos “companheiros’”.
O “PAC-Programa de Aceleração do Crescimento” permanece “empacado” com meros 30% de realizações. Serve mais para comícios eleitorais. Praticamente nada foi feito para melhorar nosso sistema de transportes. Nossas rodovias continuam em péssimo estado e os portos têm índices de produtividade dos mais baixos do mundo. Ferrovias importantes, como a Norte-Sul, estão com seus cronogramas atrasados.
A corrupção alcançou altos níveis. Basta citar o “mensalão”, “sanguessugas” e as contínuas transgressões de órgãos públicos, denunciadas pelo Tribunal de Contas da União, como recentemente apurou-se nas obras contratadas pelo “Dnit – Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes”.
Nada foi feito em relação às reformas tão necessárias, para acelerar o desenvolvimento, como tributária, previdenciária e trabalhista. Poder-se-á dizer que isto também depende do Congresso, mas um governo com liderança política saberia vencer os obstáculos. Tem ou não o Senhor Lula maioria no Congresso?
Quanto aos avanços sociais, tenho minhas dúvidas sobre o Bolsa Família. Não indica saída para os beneficiários.
Os leitores podem argumentar que o que escrevo está em desacordo com as pesquisas que mostram a alta popularidade do Senhor Lula. Ao que retruco: pesquisas não substituem o raciocínio.
Se a candidata apoiada pelo Senhor Lula pretende defender e manter este estado de coisas, estamos bem arranjados.
Finalizando, a respeito do governo do Senhor Lula da Silva, não posso deixar de lembrar-me de Tony Blair, primeiro-ministro britânico: “Não é um governo arrogante que escolhe prioridades. É um governo irresponsável que deixa de escolhê-las”. Meditem sobre isto os eleitores.
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