quarta-feira, 28 de julho de 2010

Afeganistão está caíndo nas mãos do Talibã

Do Le Monde:
Ao contrário do otimismo de ocasião que exalam das declarações da conferência de Cabul, a deterioração da segurança no Afeganistão se acelerou nos últimos meses.
A perspectiva de um governo capaz de assegurar o essencial de sua defesa em 2015 é totalmente irrealista e a questão central de iniciar negociações com os talibãs foi novamente descartada.
A guerrilha prossegue com método uma estratégia de estrangulamento do dispositivo aliado, que agora ameaça as bases do regime.
A insegurança é tamanha que a estrada que une a capital a Mazar-i-Sharif, a terceira cidade do país, se vê regularmente bloqueada por insurgentes.
(A estrada para Kandahar, a segunda cidade do país, é proibida para estrangeiros há vários anos.)
O noroeste do Afeganistão está tomado pelos talibãs, inclusive em zonas não pashtuns, o que mostra a extensão da insurreição até zonas calmas há pouco tempo.
Mal concebida a operação em Marjah acabou num previsível fracasso das forças americanas, o que põe em evidência os princípios da contra-insurgência levados a cabo pela OTAN.
Os talibãs combatem as tropas americanas na região de Kandahar e matam sistematicamente a todos os notáveis que aceitem colaborar com a coalizão.
Em razão das medidas estritas para limitar as perdas civis, os soldados ocidentais matam muito poucos insurgentes, mas sofrem perdas importantes.
Com 102 mortos em junho, agora estão próximos do nível das baixas sofridas no Iraque na fase mais violenta.
Enquanto o governo afegão controla um território cada vez mais limitado, as estruturas paralelas estabelecidas pelos talibãs se desenvolvem rapidamente.
Nessas condições, não pode funcionar o coração da estratégia de contra-insurgência: convencer a população de que apoie o governo.
Contrariamente ao mantra da coalizão, as perdas atuais não significam que as coisas vão melhorar no ano que vem, pois a guerrilha estendeu suas operações a quase toda a totalidade do território e poderá estar em posição de alcançar algumas vitórias táticas.

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