Da Veja Online:
Personalidade que abre a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste ano, na próxima quarta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso terá a missão de discorrer sobre o homenageado do evento, o antropólogo pernambucano Gilberto Freyre. Não será um grande desafio.
Sociólogo de formação, FHC é autor do prefácio à edição de 2004 de Casa Grande & Senzala, a obra basilar de Freyre.
Um prefácio que, aliás, empresta o título à sua conferência na Flip: “Um livro perene”.
A perenidade da obra se deve, segundo FHC, ao fato de Freyre construir “uma imagem do Brasil com traços que muitos brasileiros gostariam que fossem verdadeiros”.
Leia-se, nas entrelinhas, a ideia de que o Brasil é um país formado por três raças, cuja miscinegação proporcionaria riqueza cultural e uma “controvertida” tolerância racial. Freyre nunca chegou a cunhar o termo “democracia racial”.
A maneira como descrevia a relação entre senhores e escravos, contudo, deu a muitos críticos munição para chamá-lo de míope ou conservador.
Nem mesmo hoje, 77 anos após o surgimento de Casa Grande & Senzala, afirma FHC, se pode falar de democracia de raças no Brasil.
“Pode-se dizer que a sociedade brasileira seja racialmente mais igualitária? Menos perversa que a sociedade escravocrata, sem dúvida. Isenta de preconceitos ou de discriminações? Duvido.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário