domingo, 11 de julho de 2010

Não não estamos na fotografia do poder

Texto do Grupo Não Fazemos Parte do Problema Somos a Solução
Em ano eleitoral se presencia discursos de candidatos e candidatas que se comprometem com a inclusão racial e o combate veemente ao racismo. Após as eleições as promessas caem no vazio.
Precisamos construir novos parâmetros para escolher nossos representantes e na hora de votar incluir a população negra nas esferas privilegiadas de poder, tanto em cargos majoritários (executivo: presidência, governo e senado) como proporcionais (legislativo: deputado(a)s estaduais e federais), que possam trazer para a sociedade os temas que nos interessa.
Neste contexto, a nova conjuntura nos traz grandes desafios: o extermínio da juventude negra – 70% do(a)s jovens assassinado(a)s são negro(a)s; participação efetiva nas reservas petrolíferas (pré-sal), que se vislumbra como uma das maiores possibilidades de inclusão do(a) jovem no mercado de trabalho; reforma da educação pública garantindo qualidade, reforma do SUS, garantindo agilidade e eficiência.
Estes e outros temas são prioridades nossas, só nossas, pois somos nós que estamos morrendo, sem emprego, analfabeto(a)s e doentes. Mas, como trazer estas discussões para a sociedade se a maioria que está no poder não passa por estes problemas.
O poder, por incrível que pareça, está em nossas mãos, dos nove milhões de eleitores da Bahia. Representamos sete milhões. E ai, como reclamar depois das eleições? Já pensou que este é um dos motivos que após eleição o poder não nos ouve?
O título deste texto foi inspirado no ator Milton Gonçalves, que em entrevista ao site http://revistaquem.globo.com no dia 06/10/2008, afirmou: “Nós não estamos na fotografia do poder”, ele que foi candidato a deputado federal nos anos 80 e a governador do Rio de Janeiro na década de 90, não eleito, apesar de ser ator global desde 1965.
Segundo ele, o “problema não é ser o primeiro ator. O grande problema é que nós não estamos na fotografia do poder. Olhe para o Congresso Nacional, passando pela Câmara e pelo Senado. Nós somos a metade da população do país, olha essa fotografia e me diz se há uma correspondência de negros. Não tem. Nem a Bahia, que é a terra mais negra do Brasil, tem governador negro”
Tivemos lideranças negras expressivas postulando vagas em cargos majoritários, em quase todas coligações e partidos, a exemplo de:
Ivan Carvalho, engenheiro químico e economista, militante do movimento negro - pleiteou uma vaga ao senado na coligação PT/PCdoB, PSB, PDT, PP, PRB e PS
Hamilton Assis, historiador, militante do movimento negro - pleiteou uma vaga ao governo no PSOL
João Jorge, mestre em direito, presidente do Olodum, militante do movimento negro - pleiteou uma vaga ao senado no PV. Apesar da representação política eleitoral, nenhuma dessas candidaturas foram contempladas, com o argumento de não possuir votos?
Na verdade, confirmamos que os partidos ditos de esquerda ainda são dirigidos por uma minoria branca, mentirosa, racista, homofóbica e machista.
Alguns inventaram uma nova modalidade nas escolhas de candidaturas, com exceção do PV e PSOL, não houve discussões com a militância, foi tudo feito por acordos e aclamação!
Felizmente, na Convenção Nacional do PSOL, o companheiro Hamilton Assis conquistou a vice-presidência na chapa majoritária nacional para as eleições de 2010.
E para surpresa da Bahia a Coligação PMDB, PR, PTB, PSC, PPS, PRP, PRTB, PSDC, PTC, PTN, PMN e PTdoB definiu um nome negro para concorrer a uma vaga ao senado, Edvaldo Brito, doutor em Direito, livre docente em Direito Tributário e vice-prefeito de Salvador.

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