quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Governo e Petrobras avançam na capitalização da empresa petrolífera

Da Folha de São Paulo:
Depois de duas reuniões realizadas no Palácio do Planalto nesta quarta-feira, governo e Petrobras avançaram nas negociações sobre a capitalização da empresa e podem fechar o valor do barril de petróleo da União que usará no negócio em torno de US$8.
O número ainda não é definitivo, mas um técnico chegou a afirmar que ele poderia ficar na casa dos US$8,30.
O valor oficial, contudo, não foi acertado, tanto que o governo ainda não convocou o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética), que irá ratificar o acordo de cessão onerosa de 5 bilhões de barris de petróleo da União para a estatal.
Nova reunião foi agendada para hoje (26) entre os ministros Erenice Guerra (Casa Civil), Guido Mantega (Fazenda) e Márcio Zimmermann (Minas e Energia) com o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli.
Mantega, inclusive, cancelou viagem que faria a Pernambuco a fim de participar das negociações.
O presidente Lula aguarda o desfecho dessas reuniões para tomar uma decisão final sobre a data da capitalização da empresa.
Por enquanto, a operação continua mantida para o dia 30 de setembro, apesar de assessores presidenciais ainda admitirem a possibilidade de adiamento por conta das eleições.
Lula, inclusive, chegou a comentar que tomará uma decisão política no processo que definirá o preço do barril de petróleo que será utilizado na capitalização da Petrobras.
Em conversas reservadas, afirmou: "Estou aqui para tomar a decisão política. Quando os técnicos se puserem de acordo, tomarei a decisão política".
Além da questão de preço, o governo tem de fechar um acordo com a Petrobras sobre o volume de petróleo nos reservatórios da União que serão entregues à estatal como sua parte no aumento de capital.
Os laudos da ANP (Agência Nacional de Petróleo) e da Petrobras divergiram não só no quesito preço mas também no tamanho das futuras reservas.
A princípio, o governo decidiu destinar o reservatório de Franco e áreas vizinhas ao de Tupi para realizar a capitalização da empresa.
Só que, enquanto a ANP avaliou que Franco tem pelo menos 4,5 bilhões de barris, podendo atingir 6 bilhões, o laudo contratado pela Petrobras apontou um volume bem menor, abaixo de 3 bilhões de barris.
Segundo a Folha apurou, a tendência do governo é optar pelo laudo da ANP na definição do volume das reservas, alegando que o da Petrobras é muito conservador.
Um técnico do governo destacou que, dentro da metodologia usada pela estatal, o campo de Tupi teria menos da metade dos 8 bilhões já avaliados pela empresa.
Se optasse pelo laudo da Petrobras, o governo teria de entregar outro reservatório de petróleo à empresa, o de Libra, cujo potencial das reservas é próximo ao de Franco.
Isso, porém, está descartado, porque o Palácio do Planalto já decidiu que Libra pode ser a primeira área do pré-sal a ser leiloada quando as regras do novo marco regulatório forem aprovadas.

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