De Rubem Azevedo Lima no Correio Braziliense, reproduzido no Boletim da CNA:
O lixo das eleições, em que virou a luta sucessória, chegou à marquetagem responsável pela campanha dos candidatos, em especial à dos que fazem a propaganda do PT. As pesquisas eleitorais revelam isso.
Como tinham de neutralizar as acusações e suspeitas sobre a ex-ministra da Casa Civil do governo, demitida por Lula, para poupar sua candidata Dilma Rousseff, que a nomeara, os marqueteiros, desta vez, passaram dos limites e se deram mal, ao definirem a exploração desse episódio, pelos adversários, como “baixaria”. Baixaria foi o que se descobriu.
Se a exigência de tal explicação não lhes foi imposta pelo próprio governo, os autores dessa esdrúxula solução, destinada a fustigar os adversários, devem saber que ela nem sequer absolveria um inocente no tribunal do júri. Pelo contrário, talvez até ajudasse a condená-lo.
Erenice, alta funcionária do governo e amiga de Dilma, aspirante à sucessão presidencial, disseram, ao mesmo tempo, como um álibi, que de nada sabiam sobre irregularidades na área em que ambas trabalhavam, mas, concluíram: tudo não passa de factoide e de “baixaria”. Por que não se “informaram”, antes de dizerem a mentira que disseram?
Outras suspeitas e acusações à parte, todo o Brasil sabe, agora, que a melhor bolsa família do país é a dos familiares da ex-ministra palaciana. Todos têm bons cargos públicos. Sob tal aspecto, os adversários devem ter gostado que o marqueteiro de Dilma pusesse a “baixaria” em debate.
A maioria dos brasileiros, como o poeta português Almada Negreiros, em sua Cena de ódio, condenava os “nojentos da política”. Agora, sabem que também os há na administração pública brasileira, apesar das exigências rigorosas feitas aos concursados. Dessas, parece estarem dispensados os ocupantes dos altos cargos de confiança. A esses basta o pistolão, para provar moralidade. Eis a verdade que se ocultava.
O princípio do voto limpo não atinge tais marajás. Mas a condenada “baixaria” revelou outro quase crime, além do assalto aos cofres públicos: a vergonhosa injustiça do governo, que, talvez para controlá-los, proíbe os bolsas família de buscarem trabalho, para complementar o pouco dinheiro da bolsa. Um bom passo do governo que finda seria alforriar os bolsistas.
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