De João Domingos - O Estado de S.Paulo:
É como se toda a população de Salvador fosse para o aeroporto e deixasse o País.
Levantamento feito pelo Ministério das Relações Exteriores mostra que hoje 3.030.993 brasileiros (1,57% da população) migraram para todos os continentes do planeta.
E dois em cada três brasileiros no exterior estão irregulares - ou seja, não contam com nenhum apoio jurídico ou médico.
A situação já causa preocupação ao governo, conforme o embaixador Eduardo Gradilone, subsecretário-geral das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty.
"Nós atuamos para protegê-los e para regularizar a situação o máximo possível."
Os maiores avanços até agora foram conseguidos com o Paraguai.
O Acordo de Residência do Mercosul, vigente desde 2009 para Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, permitiu que 5.590 dos 300 mil brasileiros que vivem em terras paraguaias se regularizassem.
O Ministério das Relações Exteriores prevê que até o fim deste ano 10 mil brasileiros já estejam documentados no país vizinho e protegidos pelas leis de imigração.
Os brasileiros que emigraram para o Paraguai, a partir de 1970, representam 10% dos pouco mais de 3 milhões que vivem no exterior.
É o maior contingente em toda a América do Sul, na qual há, segundo dados do Itamaraty, 513.800 cidadãos.
Os brasileiros pularam para o lado paraguaio atrás das terras férteis, que ficavam mais próximas dos estados do Sul, onde na época havia um grande êxodo, tanto rumo ao Paraguai, em ações ilegais, quanto rumo à fronteira agrícola do Cerrado e da Amazônia, com incentivos oferecidos pelo governo militar.
Havia, na época, interesse em povoar essas regiões ao norte e a oeste e ganhava a posse da terra quem derrubasse 50% da floresta da propriedade, porcentual que hoje foi reduzido para 20%.
Os que chegaram ao Paraguai receberam a alcunha de "brasiguaios".
Não conseguiram documentos.
E, sem os papéis, acabaram sendo vítimas de violência por parte de campesinos que reivindicam as mesmas terras, além de achaques das autoridades do país vizinho.
Os que agora conseguem os documentos passam a ter mais condições de se defender.
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