sábado, 29 de maio de 2010

Menina peruana vira símbolo dos imigrantes ilegais nos EUA

Texto do Diário de Notícias, de Portugal, reproduzido pelo site bahiaempauta:
“A minha mãe diz que Barack Obama expulsa todos os que não têm papéis”, lançou a pequena Daisy Cuevas à primeira dama norte-americana. Michelle Obama visitava uma escola de Silver Spring (Maryland) e foi apanhada de surpresa, especialmente depois de a menina de sete anos de origem peruana dizer que a sua mãe era imigrante ilegal.
De um dia para o outro, Daisy tornou-se no símbolo dos imigrantes latinos que partiram atrás do sonho americano e se depararam com um pesadelo.
Natalia e Angel Cuevas saíram de San Juan de Lurigancho, nos arredores de Lima, há oito anos. “Partiram para trabalhar lá porque não havia nada para fazer aqui”, disse o avô de Daisy Genaro Julca, citado pela AFP.
Ela tornou-se empregada doméstica, ele carpinteiro: sempre sem documentos. Todos os meses enviam dinheiro para o Peru, onde deixaram a filha mais velha aos cuidados dos avós.
Lucy tinha um ano quando os pais imigraram e só viu pessoalmente a irmã Daisy (nascida já nos EUA) numa ocasião. De resto, as meninas mantêm o contacto através da Internet.
TRABALHO HONRADO
“A minha filha tem um trabalho honrado”, explicou Genaro Julca, dizendo que só queria que os EUA “permitissem que as duas irmãs se reunissem”. Por causa dos últimos acontecimentos, Genaro teme que a filha já não vá passar as férias no Peru em Junho, como fez no ano passado.
Desde que Daisy se tornou famosa, aparecendo na capa dos jornais peruanos e sendo usada como exemplo até pelo próprio Presidente Alan García, Natalie optou por se esconder. Teme a chegada da “migra”, os Serviços de Imigração. O pai disse ao jornal peruano El Comercio que a filha o contactou e pediu para que não faça mais comentários, temendo ser prejudicada, acrescentando que ela já contratou um advogado para evitar ser deportada. A expulsão da família “seria um escândalo mundial”, defende García.
“A minha mamã não tem papéis”, insistiu Daisy há uma semana, depois de ouvir a resposta de Michelle Obama à sua primeira intervenção. A primeira dama, que visitava a escola com a sua homóloga mexicana, Margarita Zavala, tinha-lhe dito que o Presidente está trabalhando no tema “para garantir que as pessoas estejam aqui com os papéis necessários.”
ORGULHO PERUANO
As organizações que defendem uma reforma das leis de imigração aproveitaram o caso para dramatizar a situação. “As crianças da segunda classe não deviam viver aterrorizadas com a ideia de que as suas mães vão ser deportadas”, disse Deepak Bhargava, do Centro para a Mudança Comunitária. Esse mesmo receio foi expresso por Daisy à televisão peruana: “Quero que a minha mãe tenha papéis, para que fique tranquila e não tenha mais medo.”
García revelou que se sentiu orgulhoso por uma menina de raízes peruanas ter questionado a política anti-imigração nos EUA. “Um problema que, infelizmente, não está em vias de ser resolvido, suscitando mesmo respostas irracionais como no Arizona”, acrescentou o Presidente. A nova lei estadual prevê que os polícias exijam documentos a qualquer pessoa que acreditem ser um imigrante ilegal . O tema da imigração será abordado por García quando visitar Barack Obama, em Washington, a 1 de Junho.

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