De Leandro Colon, de O Estado de S.Paulo:
O diretor de Operações dos Correios, coronel Eduardo Artur Rodrigues, que assumiu o cargo em 2 de agosto numa "reformulação administrativa" comandada pela ex-ministra-chefe da Casa Civil Erenice Guerra, é testa de ferro do empresário argentino Alfonso Conrado Rey.
Morador de Miami, Rey é o verdadeiro dono da empresa Master Top Linhas Aéreas (MTA), que ganhou as manchetes nas últimas semanas por causa do tráfico de influência de Israel Guerra, filho de Erenice, a seu favor.
Ex-coronel da Aeronáutica, Artur faz parte de um grupo de executivos e advogados que tem uma rede de empresas de fachada espalhadas pelo Uruguai, EUA e Brasil.
Eles movimentam dinheiro para um casal de laranjas brasileiros, como provam documentos do Banco Central, e trabalham para fazer da MTA o embrião da empresa de logística e carga aérea que o governo Lula promete criar após as eleições.
O negócio atiça os empresários porque os Correios pretendem comprar dessas empresas aéreas os aviões da nova estatal.
Até pouco antes de assumir o cargo nos Correios, o coronel Artur dirigia a MTA no País.
O Estado teve acesso a documentos da Justiça, do Banco Central e da própria MTA que revelam o papel duplo dele e ajudam a entender como a empresa já abocanhou R$60 milhões em contratos públicos.
A MTA foi o pivô da queda de Erenice da Casa Civil, na quinta-feira.
Ela deixou o governo depois de a revista Veja ter revelado que seu filho Israel intermediou junto à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a devolução da certificação de voo da MTA, que fora suspensa.
Os documentos mostram que o coronel Artur se envolveu pessoalmente no esquema montado para viabilizar a MTA no Brasil com recursos externos e driblar a legislação, que é clara: o capital estrangeiro não pode superar 20% em empresas aéreas.
Por isso, foi criada, de 2005 para cá, a rede com pelo menos seis empresas de fachada com sede em apenas dois endereços: em Campinas e em Montevidéu, no Uruguai.
Em outra ponta, sustentam o esquema empresas com sede nos EUA, ligadas a Rey.
O empresário, que foi a Brasília para prestigiar a posse do coronel Artur nos Correios, é dono do grupo americano Centurion Cargo, que movimenta o dinheiro e fornece os aviões da MTA.
Resumindo: é tudo a mesma coisa, e bancado com dinheiro externo.
Quem aluga o avião para a MTA é o dono da MTA e quem "empresta" dólares do exterior é a própria empresa.
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